sexta-feira, 23 de abril de 2010

Das cores do silêncio.

Portas, janelas, lençóis
Fios de luz da manhã através do telhado
Dos sóis um só se faz
Um livro na cabeceira
Acompanhante fiel da noite fria anterior
Tradutor cruel daquela fuga interior

(E as mãos, que agora tocam a vida sem dela esperar um sentido,
transitam entre a delicadeza da espera e a desilusão do real)

Sem contrato
Não concreto
Por que a fria superficialidade é sempre mais palpável?
Por que a mútua sentimentalidade é tão inatingível?

(E as mãos, que agora passeiam por novos e inesperados tons,
tentam tirar deles qualquer interpretação que liberte do vazio)

Sem preocupação
Sem graves ações
Resignações
Resta deslizar através dos dias
Mergulhando em son(ho)s e perdendo-se em palavras.