Depois da divagação atemporal de uma janela de ônibus, aqui estou eu, escrevendo por não conseguir pensar em nada mais agradável e mais aliviador pra fazer, num quarto lilás e fechado, onde a voz de Gessinger sussurra algumas frases que eu mesma tenho vontade de dizer. A bateria do mp4 morreu, a música parou no meio do caminho de volta enquanto a cidade cheia de pressa e de fuligem passava por mim, deixando mais evidentes: a) meu cansaço, b) meus cabelos molhados e c) meus olhos cuja vermelhidão alterava o aspecto castanho discutível. Cheguei em casa como quem anda não com pernas, mas com ideias. Como quem voa com elas e para elas. A divagação na “devagar ação” do engarrafamento (e, aqui, como prometido, dou os créditos ao Hilário por ter dito essa expressão numa rara conversa de msn que transcendeu a meia-noite: bem que eu queria pensar nessas frases legais) dá margem a inúmeras resoluções, dá vida a todas aquelas efemeridades profundíssimas que eu nunca tenho coragem suficiente pra externar. E é exatamente por causa dessa covardia que a vida passa por mim sem perceber. Silêncio. Não compensa entrar na dança depois que a música parou. Essa conclusão me veio lenta, num quebra-cabeça cujas peças estavam espalhadas por lugares, por pessoas, por situações que eu nunca imaginaria. Parei de dançar, não entro mais na dança, entende? É que tem hora que o cansaço engole tudo. Os passos que nunca são capazes de sincronizar-se, as cinzas de algo que morreu antes mesmo de nascer, os beijos sem paixão, as frases feitas que parecem vir de qualquer lugar menos do único aceitável: o coração. O âmago. Tudo isso cansa e ultimamente eu tenho estado principalmente cansada de ficar cansada. Sabe aquilo que vai te tirar o fôlego e vai fazer revoluções estrondosas nos teus pensamentos sem que isso seja perceptível pra qualquer pessoa além de ti? Então. É por isso que continuo esperando, mesmo que eu disfarce essa espera com mil afazeres e com um número considerável de adoráveis amigos e com livros e com música e com... (inclua qualquer coisa que vier à sua mente aqui, eu topo). Muito prazer, meu nome é otário. A verdade é que a gente nunca tá satisfeito. Sério, o que mais eu pediria pra satisfazer minhas necessidades vitais e sociais e culturais? Sim, é claro, eu tenho os meus momentos, minhas pequenas epifanias, minhas felicidades efêmeras. Mas esse amargo na boca, vem de onde? Sei lá, cara, eu sou só uma mulher. Meu exército luta sozinho e ainda consegue perder pra si mesmo.
(terminando com uma música pra inspirar. ou expirar.)
Engenheiros é legal. Guessinguer é fodão. O Hilário é gente boa, cheio de ideias. O exército, bem... não aconselho a servir, deve ser horrível. Epifanias? É sempre bom, né. Pequenas têm seu charme. Você, moça... vai além de todas essas frases legais.
A maior fã de abraços do mundo. Viciada em livros, apaixonada por música, louca por jornalismo, deslumbrada por fotografia. O que falta em estatura sobra em pensamento. Finge que escreve pra tentar pôr o próprio mundo nos eixos. Ainda é besta o suficiente pra acreditar que pode existir carinho e reciprocidade nesse mundo. E tá fazendo questão de provar diariamente que a loucura é o principal caminho pra lucidez.
Um comentário:
Engenheiros é legal.
Guessinguer é fodão.
O Hilário é gente boa, cheio de ideias.
O exército, bem... não aconselho a servir, deve ser horrível.
Epifanias? É sempre bom, né. Pequenas têm seu charme.
Você, moça... vai além de todas essas frases legais.
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