sábado, 17 de julho de 2010

O exército de uma mulher só lutando por amor às causas perdidas...

Depois da divagação atemporal de uma janela de ônibus, aqui estou eu, escrevendo por não conseguir pensar em nada mais agradável e mais aliviador pra fazer, num quarto lilás e fechado, onde a voz de Gessinger sussurra algumas frases que eu mesma tenho vontade de dizer. A bateria do mp4 morreu, a música parou no meio do caminho de volta enquanto a cidade cheia de pressa e de fuligem passava por mim, deixando mais evidentes: a) meu cansaço, b) meus cabelos molhados e c) meus olhos cuja vermelhidão alterava o aspecto castanho discutível. Cheguei em casa como quem anda não com pernas, mas com ideias. Como quem voa com elas e para elas. A divagação na “devagar ação” do engarrafamento (e, aqui, como prometido, dou os créditos ao Hilário por ter dito essa expressão numa rara conversa de msn que transcendeu a meia-noite: bem que eu queria pensar nessas frases legais) dá margem a inúmeras resoluções, dá vida a todas aquelas efemeridades profundíssimas que eu nunca tenho coragem suficiente pra externar. E é exatamente por causa dessa covardia que a vida passa por mim sem perceber. Silêncio. Não compensa entrar na dança depois que a música parou. Essa conclusão me veio lenta, num quebra-cabeça cujas peças estavam espalhadas por lugares, por pessoas, por situações que eu nunca imaginaria. Parei de dançar, não entro mais na dança, entende? É que tem hora que o cansaço engole tudo. Os passos que nunca são capazes de sincronizar-se, as cinzas de algo que morreu antes mesmo de nascer, os beijos sem paixão, as frases feitas que parecem vir de qualquer lugar menos do único aceitável: o coração. O âmago. Tudo isso cansa e ultimamente eu tenho estado principalmente cansada de ficar cansada. Sabe aquilo que vai te tirar o fôlego e vai fazer revoluções estrondosas nos teus pensamentos sem que isso seja perceptível pra qualquer pessoa além de ti? Então. É por isso que continuo esperando, mesmo que eu disfarce essa espera com mil afazeres e com um número considerável de adoráveis amigos e com livros e com música e com... (inclua qualquer coisa que vier à sua mente aqui, eu topo). Muito prazer, meu nome é otário. A verdade é que a gente nunca tá satisfeito. Sério, o que mais eu pediria pra satisfazer minhas necessidades vitais e sociais e culturais? Sim, é claro, eu tenho os meus momentos, minhas pequenas epifanias, minhas felicidades efêmeras. Mas esse amargo na boca, vem de onde? Sei lá, cara, eu sou só uma mulher. Meu exército luta sozinho e ainda consegue perder pra si mesmo.




(terminando com uma música
pra inspirar.
ou expirar.)

Um comentário:

Juss disse...

Engenheiros é legal.
Guessinguer é fodão.
O Hilário é gente boa, cheio de ideias.
O exército, bem... não aconselho a servir, deve ser horrível.
Epifanias? É sempre bom, né. Pequenas têm seu charme.
Você, moça... vai além de todas essas frases legais.