sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sobre os doces encontros.

"Outra coisa que penso quando me lembro daquelas uvas cor-de-rosa é que, na vida, as coisas mais doces custam muito a amadurecer".
[Caio Fernando Abreu]



Bela amiga querida,

Sobre a frase do Caio F. te afirmo: custam mas amadurecem. Assim, com ponto final e racionalmente. Por que a vida exige uma certa "frieza" da gente. Uma calma diante dos fatos que me parece tão gelada quanto um cálculo. Só se consegue superar as coisas racionalmente. Hoje me peguei pensando sobre o ano de 2009 (essas babaquices que rolam perto do dia 31 de dezembro, rss) e sobre tudo o que ocorreu até aqui... Bela, Guimarães Rosa tem razão, "o que a vida quer da gente é coragem". É isso mesmo. Coragem até para assumir a tristeza. E, sobre assumir as tristezas, a insatisfação eu te digo: Todo mundo pode sofrer Bela! Vida perfeita, com todo mundo o tempo inteiro feliz só acontece em outdoor.

E o melhor é que depois, lá no fundo-do-fundo-do-fundo do poço e dos becos de nós mesmos, chega um dia em que a gente se percebe e diz para si: Pronto, senti tudo, agora vou voltar. E a gente volta Bela. Volta forte, volta melhor e maior, para nós mesmos. E tudo fica diferente. Os valores sabe?

Olha que ainda restam uns 60 dias para acontecerem coisas lindas em 2009. Mas que ano hein?! Amiga... tudo muito foda. Mas aí, Bela, esses dias eu decidi lá no fundo-do-fundo-do-fundo do poço e dos becos de mim que já basta. Já senti tudo, já chorei tudo o que havia pra chorar, já passei dias inteiros dormindo tentando não viver o momento de vida que vivi. Agora chega!

Lá no fundo-do-fundo-do-fundo do poço e dos becos de mim descobri uma série de coisas lindas também. E hoje é mais confortável 'estar dentro de mim'. Tem muita coisa pra consertar, uma alegria inteira a ser construída e conquistada. Mas eu consigo tudo o que quero, você sabe que nasci assim : com sorte, "bumbum pra lua" beibe (risos).

E é isso o que te digo minha amora: não há tempo para que você permaneça no fundo-do-fundo-do-fundo do poço. Não dê ouvidos para aqueles "felizes forever" que sempre acham que os outros não possuem nenhum motivo para se sentirem tristes. Sinta tudo o que tiver pra sentir, não se acovarde, e depois retorne à superfície melhor que antes. Mas tudo no seu tempo...

Tenho saído pouco. Ando numa onda mais caseira "com meus livros e meus discos". Trabalhado tenho muito, você sabe que sou viciada em trabalho. Tenho me dedicado exclusivamente ao meu "retorno", rss. Vou voltar pra terapia, fazer yoga, mudar de ap, cortar o cabelo, tatuar o que sempre quis.

Viu só Bela, estou naquele famoso "momento Aline". Verdade que faz tempo que não te escrevo, mas penso sempre em você e em todos os meus amores e amoras espalhados por "esse mundão de Deus".

Detalhes indo por e-mail. Te escrevo aqui por saber que você adora a surpresa e sorri! Amiga, fica bem, dentro do teu possível. Lembra que você é rainha do seu tempo. Ele é teu. Aí depois retorne "bela e tirana", rss. Mil pensamentos positivos pra ti. Estou bem e quero viver muito e ser feliz mais ainda do que fui e sou.

Vamos lá, e que venham as alegrias!!!
Te abraço,
Li.

Mais um dos meus achados, uma carta de amiga pra amiga, que se encaixa maravilhosamente bem em muita coisa que eu gostaria de falar nesse finalzinho de 2009 e não consegui. (A fonte, como gosto de citar, é um blog encontrado nas minhas andanças internéticas. Quiserem ver essas palavras no seu contexto original, é só clicar aqui.) Aliás, eu posso até dizer que tenho facilidade de falar o que quero falar. O que falta mesmo é a vontade. Talvez os meus textos mais agradáveis - e ao mesmo tempo mais fortes e mais tudo - nunca tenham sido mostrados. Estão todos lacrados num invólucro inviolável, escondido muitas vezes até de mim mesma, compactuando apenas com a escuridão das noites em que foram escritos. Alguns rasgados, sobrevivendo apenas em um ou outro lapso de memória que me ocorre de vez em nunca. Meu "projeto" mais recente é um poema decassílabo, abandonado em meio às folhas de um caderno por pura e simples falta de tempo e de paciência. Acho que não tenho mais estômago pra tentar escrever poesia, assim como não tenho estômago pra melosidades. Talvez quando esse realismo machadiano resolver dar uma trégua eu termine o meu exercício poético. Por enquanto, a leitura de Drummond tem me abastecido nessa área da vida. No mais, é seguir o conselho de Guimarães: O que a vida quer da gente é coragem.

2 comentários:

- Tetê - disse...

Eu juro que achei que era um texto seu! oO Creio que realmente caiu perfeitamente. SINERGIA!

Thamires disse...

De citações do Caio até os sentimentos que carregam as palavras. Tenho até medo dessas coisas, parece sobrenatural. Mas não podia deixar de postar. ^^