quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Carta-crônica de tempos idos.

Lívia Vital, vital a mim!

Nem acreditei quando vi seu breve email com um simples "oi" constando como assunto. Menina, quanto tempo! Você não imagina a minha felicidade ao constatar que uma amiga tão querida, com quem eu não falo há anos, ainda lembra-se de mim. Não pude evitar um sorriso ao ler a parte em que você falava que agora eu estou uma mulher e que antes era uma menininha. É, amiga, muita coisa aconteceu. Não se espante com o estilo de escrita deste email nem com a sua provável longa extensão, mas é que eu mudei bastante de uns tempos pra cá. Uma das mudanças aconteceu com a minha maneira de escrever, como você já deve ter percebido. Sabe, você nem imagina, mas ultimamente eu ando precisando escrever. Uma necessidade urgente, como um ato proibido que é repentinamente permitido depois de um longo período de abstinência. Tanta coisa pra te contar, tanta coisa. Tantos meses, dias, horas e acontecimentos que se passaram e que foram responsáveis, direta ou indiretamente, pelas mudanças que me ocorreram! Estes emails provavelmente serão um ótimo pretexto pra te contar tudo. Talvez seja bom falar pra ti, que esteve distante o tempo inteiro e que não tem contato algum com ninguém que fez parte desse período (inclusive comigo, né, dona ausente). Perdoe-me a provável visão unilateral que eu possa vir a ter, acho que vou narrar como um Bentinho machadiano, mas vou fazer o possível pra que você tenha uma visão ampla do que me tem ocorrido nos pensamentos pra que você tire as suas próprias conclusões, já que as “principais” (entre aspas porque eu ainda tenho minhas dúvidas quanto a isso) pessoas que passaram pela minha vida pareciam não enxergar um palmo à frente do nariz e acho que continuam cegos até hoje. Mas, deixa isso pra lá, fica pra próxima. Melhor não contar nada agora, já que eu pretendo até postar este email no meu blog, quem sabe. Uma lição que eu tirei de tudo foi a de olhar só pra frente a partir de agora.

Fiquei imensamente feliz quando soube que você se casou. Parabéns, Li! Espero que esteja bem, aproveitando esse começo de uma nova fase de um relacionamento que só tende a se estabilizar com o passar dos anos. É sempre bom ver que as pessoas queridas estão conseguindo vencer em uma das principais conquistas que se pode ter na vida: tranqüilidade no coração. E o Lucas, tá bem? Deve estar um rapazinho agora. Sempre me lembro dele e de ti quando vejo Amélie Poulain. Prometa que vai transformar seu filho num completo viciado em literatura, hein. Eu farei isso com os meus, com absoluta certeza. Falando em literatura, o que eu mais tenho feito nos últimos tempos é ler. Descobri uma paixão avassaladora por História, que me tem feito devorar alguns milhares de páginas de conteúdos históricos que pra mim são interessantíssimos. O vestibular... Bom, ainda não sei se foi dessa vez. De qualquer maneira, aviso quando o resultado sair, o que acontecerá em meados de janeiro. Esse pensamento meio pessimista não é nem tanto pela prova, que foi razoável, mas pode ser justificado por algumas esperanças que eu andei nutrindo e que se foram frustrando numa velocidade absurdamente destrutiva. Então, a partir de agora, decidi carregar energia positiva dentro de mim e continuar fazendo o que posso pra alcançar o que quero, mas sempre me preparando pra pior das hipóteses. Sei lá, me sinto melhor assim. Depois que adotei essa atitude, as únicas surpresas que recebo são boas. Como é que alguém pode te decepcionar se você não esperava nada daquela pessoa? Impossível. Assim, se algo de bom vier a acontecer, por menor que seja, será sempre uma ótima surpresa.

E os planos pra 2010? Bom, eu não costumo mais fazer planos, mas há algumas possibilidades pro futuro relativamente palpáveis com as quais acho que posso contar. Tenho um estágio quase certo numa agência que trabalha com jornalismo cultural, assessoria de imprensa e que também atua como ONG. Parece ser algo promissor, andei pesquisando algumas coisas sobre a empresa e gostei muito do que descobri, acho que combina com o meu perfil. Talvez eu volte a estudar música clássica, quem sabe até montar um grupo de chorinho ou algo do tipo, sempre quis me aventurar e cantar aquelas músicas antigas que embalavam o tempo dos nossos avós. Mas, no momento, nada relativo ao futuro depende de mim. Saberei daqui a alguns dias se essas possibilidades poderão consolidar-se logo ou terão que esperar mais um ano.

No mais, flor, espero que a gente mantenha contato. Manda mais notícias, tá? Quero saber como tá a sua vida, o que tem feito. Trabalho, amor, moradia, família, essas coisas que a gente compartilha com quem a gente gosta e com quem merece a nossa confiança. Acho que estas palavras deveriam ser mandadas por carta, pelo correio, com tudo bonitinho, mas eu não ando com muito entusiasmo pra sair à rua. Tenho vivido numa bolha desde que entrei de férias, cercada de livros, de filmes e de música. Acho que, no fundo, era o que eu tava precisando depois de um ano tão difícil em vários aspectos. Espero que a intenção valha e que essa enxurrada de palavras não a tenha aborrecido. Se ainda tiver tempo de ler este email até o reveillon, um incrível ano novo pra ti e pra todo mundo de quem você gosta. Que 2010 seja doce pra você e pra mim. Boas festas, que a gente possa começar o ano com o pé direito e que nos seja permitido vivê-lo com os dois pés, as mãos e tudo o mais de que precisarmos pra atingir as nossas metas.

Te cuida, Li. Foi ótimo você ter aparecido.
Beijo, T.

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