Aí dá aquela vontade de sair, de reencontrar velhos amigos, de conhecer novos, de dançar ao som daquelas músicas mais significativas. Mas isso não pode, é contra aquela frase tão verdadeira que é dita com tanta freqüência: Tô sem tempo, tô cansada.
Que fazer, então? Alimentar a alma, já que os próprios olhos estão cansados de brilhar enquanto nada verdadeiramente vêem. O fato de ser-ninguém até que te dá certa liberdade pra esquecer o mundo e cuidar de si um pouco. O fato de ser-ninguém faz com que você tenha vontade de ser verdadeiramente Alguém, assim, com letra maiúscula, nem que seja só pra você mesma. Novos livros, o máximo de consumismo que eu me permito ter. E vem Clarice, e vem Caio, e vêm assuntos históricos, e vem Fernando Sabino, e vem Anthony Burgess, e vem Chico Buarque.
Aí dá aquela vontade de parar tudo o que se está fazendo e mergulhar nessas palavras tão densas, que te prendem a um mundo que não é o seu. Perder-se nas palavras alheias é uma ótima maneira de driblar um pouco o vazio que te engole.
Mas não posso, não devo. Se existe um objetivo, é ele que deve nortear o meu caminho e os meus pensamentos. O resto é resto. Ninguém é feliz com resto. Pensando exatamente nisso, a feminilidade exala nos tons e nas cores que te fazem ficar mais leve. E vem a mudança nos cabelos, os cortes, o prender diferente, a fivela no lugar estratégico, a nova arrumação e o novo resultado. E vêm as unhas, vermelhas, de um sangue que insiste em existir e em correr dilacerante. E vem o sorriso, mesmo aqueles meio tristes, de satisfação consigo mesma. A feminilidade, desde que sem exageros, transforma o que era resto em algo passível de admiração.
E, usando de sorrisos como esses, a vida vai passando. O tempo vai passando, as memórias vão-se apagando. Tal qual pétala de flor guardada dentro de livro, que, ao secar, tem o seu perfume arrancado de si e transferido para o papel.
Eis a pergunta: O que me importa?
Não sei mais.
De flor, agora sou apenas pétala. Estou presa no livro da minha própria Vida, deleitando-me enquanto posso com o aroma do meu próprio perfume, sem saber até quando ele vai existir em mim.

Um comentário:
Quando essa vontade de chorar vier, lembra de todos os teus momentos felizes e com um sorriso de quase arrancar a boca. Garanto que ajuda a parar pra pensar se as lágrimas valerão a pena. Quando o cansaço e a falta de tempo vierem, lembre-se do que você mesma sempre me diz: descanse. Arranje um mísero tempo pra você mesma. E como diz aquele ser que vive no meu coração chamado amor, sempre a tempo pra um abraço, mesmo que o abraço venha de seus próprios braços. Você não é flor agora, mas o que vier, e virá depois, só depende de você.
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