terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ao som de Marisa Monte.

Não sei mais. Já soube, já quis saber, já me importei. O fato de continuar me importando às vezes só me mostra o quanto eu ainda consigo ser ingênua. Logo eu, tão forte, sempre aguentando calada tanta barra... Mas, do nada, vem aquela vontade incontrolável de chorar. Assim, no meio da rua, sem motivo aparente. Basta uma faísca de memória, um fato que passa de relance que te passe algum significado. Aí pronto. A roda gira e gira e gira e você não sabe por que entrou nela e muito menos como sair. A tontura te domina e a única coisa que você deseja é voltar pra sua casa, pra sua rotina medíocre, pra sua vida normalzinha, pras suas atitudes que se encontram Dentro Dos Parâmetros De Segurança.

Aí dá aquela vontade de sair, de reencontrar velhos amigos, de conhecer novos, de dançar ao som daquelas músicas mais significativas. Mas isso não pode, é contra aquela frase tão verdadeira que é dita com tanta freqüência: Tô sem tempo, tô cansada.

Que fazer, então? Alimentar a alma, já que os próprios olhos estão cansados de brilhar enquanto nada verdadeiramente vêem. O fato de ser-ninguém até que te dá certa liberdade pra esquecer o mundo e cuidar de si um pouco. O fato de ser-ninguém faz com que você tenha vontade de ser verdadeiramente Alguém, assim, com letra maiúscula, nem que seja só pra você mesma. Novos livros, o máximo de consumismo que eu me permito ter. E vem Clarice, e vem Caio, e vêm assuntos históricos, e vem Fernando Sabino, e vem Anthony Burgess, e vem Chico Buarque.

Aí dá aquela vontade de parar tudo o que se está fazendo e mergulhar nessas palavras tão densas, que te prendem a um mundo que não é o seu. Perder-se nas palavras alheias é uma ótima maneira de driblar um pouco o vazio que te engole.

Mas não posso, não devo. Se existe um objetivo, é ele que deve nortear o meu caminho e os meus pensamentos. O resto é resto. Ninguém é feliz com resto. Pensando exatamente nisso, a feminilidade exala nos tons e nas cores que te fazem ficar mais leve. E vem a mudança nos cabelos, os cortes, o prender diferente, a fivela no lugar estratégico, a nova arrumação e o novo resultado. E vêm as unhas, vermelhas, de um sangue que insiste em existir e em correr dilacerante. E vem o sorriso, mesmo aqueles meio tristes, de satisfação consigo mesma. A feminilidade, desde que sem exageros, transforma o que era resto em algo passível de admiração.

E, usando de sorrisos como esses, a vida vai passando. O tempo vai passando, as memórias vão-se apagando. Tal qual pétala de flor guardada dentro de livro, que, ao secar, tem o seu perfume arrancado de si e transferido para o papel.

Eis a pergunta: O que me importa?
Não sei mais.
De flor, agora sou apenas pétala. Estou presa no livro da minha própria Vida, deleitando-me enquanto posso com o aroma do meu próprio perfume, sem saber até quando ele vai existir em mim.


Um comentário:

Anônimo disse...

Quando essa vontade de chorar vier, lembra de todos os teus momentos felizes e com um sorriso de quase arrancar a boca. Garanto que ajuda a parar pra pensar se as lágrimas valerão a pena. Quando o cansaço e a falta de tempo vierem, lembre-se do que você mesma sempre me diz: descanse. Arranje um mísero tempo pra você mesma. E como diz aquele ser que vive no meu coração chamado amor, sempre a tempo pra um abraço, mesmo que o abraço venha de seus próprios braços. Você não é flor agora, mas o que vier, e virá depois, só depende de você.