segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Quando os olhos se ausentam.

Fechou os olhos. Aquele par de luzes castanhas que tanto era admirado pelas pessoas que gostavam dela sumiu do mundo por alguns instantes, é o preço que se paga por um momento de reflexão mais profundo. Quando abriu os olhos novamente, viu escuridão. Era tarde da noite e ela só conseguia visualizar formas difusas. O silêncio era avassalador e ela quis quebrá-lo com alguma coisa. Depois de uma respiração profunda, fechou os olhos novamente. Viu um filme ali. Centenas de cenas, de frases, de sensações, de vozes e de memórias rodopiavam à sua volta. Era um filme ligeiramente doloroso, mas que ainda não escapara completamente das cortinas que se faziam perceber atrás de suas pálpebras. (Mas isso não significava que um sorriso, daqueles de canto de boca, deixasse de surgir em algumas cenas.) Talvez tal história nunca escapasse de sua memória, e tal possibilidade a amedrontava. Aquele fechar de olhos denunciava a sua existência. Demorava a dormir, mesmo sabendo que não haveria mais nada a fazer e que precisava acordar cedo no dia seguinte (ou no mesmo dia, já que a madrugada era alta). Ela não queria ter sido tão dura, mas foi. Ela não queria que muita coisa tivesse acontecido, mas aconteceu. Tudo e nada. Aconteceu. Agora ela entendia que dois extremos podem ter a mesma intensidade. Fechou os olhos novamente. Dessa vez, para um sono profundo e sonhos distantes, onde ela poderia sorrir e alcançar a felicidade com um simples estender de mãos.

Um comentário:

Anônimo disse...

A felicidade dos sonhos chega a ser mais bonita que a felicidade real muitas vezes. Pelo menos ela garante um sorriso de canto de bonca e uma boa lembrança. Pelo menos ela garante um pouco de força pra que ela se torne real. E fechar os olhos às vezes também é bom, principalmente quando não há nada bonito e bom para ser visto por olhos tão especiais.