terça-feira, 14 de julho de 2009

Sobre a profundidade dos elementos simples.

Tarde ensolarada. De domingo, ainda mais. Aquela preguiça explícita de tudo e de todos, que ironicamente a encorajava a um simples equilíbrio e a uma pedalada. Não, mas o equilíbrio não é tão simples assim. É preciso perder o medo, palavrinha complicada. Tentativas, sim. Quedas, não. O conflito maior não é encontrar a maneira certa de pedalar ou a altura certa de posicionar o pedal. É confiar em si, é saber que aquelas duas rodas são perfeitamente capazes de levar uma pessoa que saiba dominá-las. Contrariando as tão comuns desistências, achou melhor encarar e acabar logo com aquilo. “Mãe, não me solta, não me deixa cair.” Vamos indo, desafiar o domingo, depois de ir à praia quase dormindo, o som da chuva apenas ouvindo. “Mãe, que preguiça, hein. Vamo comigo, ué. Depois dessa volta, eu juro que vou sozinha.”

E foi. Sem precisar se reerguer, já que não caiu. E foi. Saiu. Sozinha, não mais precisando de mãos para guiá-la. Saiu. Vento nos cabelos, sol de domingo fazendo-a brilhar. Curvas, cheiro de fim de tarde, cansaço. Por aquele dia, já era suficiente. Saiu. Daquele pátio cheio de carros, árvores, areias e pedrinhas, se despedia. Até um outro dia, até uma nova tarde de bicicleta roxa com flores brancas. Equilíbrios e vitórias cansam, sabe.

2 comentários:

- Tetê - disse...

"É preciso perder o medo." É preciso repetir pra si mesmo isso milhares de vezes pra ver se absorve. u.u

Anônimo disse...

É sempre assim. Um dia o medo se vai. Não importa quando, ele sempre se vai. E você nem percebe de imediato a ausência dele. Só se dá conta quando conseguiu fazer aquilo que antes o medo não deixava e que você julgava ser impossível. Poisé, como eu costumo dizer pra mim mesmo: prefiro não saber ou pensar que é impossível então.